![]() A doença – Tolle a chama de “insanidade” – de que a humanidade sofre é a de uma autoimagem absolutamente louca. Nós, seres humanos, nos esquecemos de nossa essência – a pura consciência – e, ao contrário, nos identificamos com coisas que não somos nós: nossos pensamentos, nossos conceitos mentais sobre nós mesmos. Tolle, um alemão que hoje vive em Vancouver, e cujo bestseller O poder do agora foi traduzido para mais de 30 idiomas, desenreda a loucura, à qual chama simplesmente de “ego”, com a precisão de um microcirurgião. Ele define o ego como “uma identificação com a forma, significando, principalmente, formas de pensamento”. Um exemplo disso pode ser Eu sou “um homem”, “um cristão”, “um jornalista”, “uma vítima”, “uma pessoa sem valor”, e assim por diante. Tolle acredita que a maioria das pessoas não vive na realidade, mas numa imagem conceitualizada dela. Olham para a realidade a partir de uma percepção limitada de si mesmas e do outro. Olham para o mundo a partir de suas crenças. A identificação do ego com imagens mentais e coisas exteriores, como trabalho, carro, bens ou relacionamentos, leva o ser humano a se apegar e se tornar dependente das coisas exteriores a si mesmo. “Eu tenho, portanto eu sou” – este poderia ser o moto do ego. “Querer ter” torna-se uma obsessão continuamente estimulada pela sociedade de consumo. A emoção subjacente que controla as atividades do ego é o medo – medo de não ser ninguém, de não existir, de morrer. Segundo Tolle, o medo no qual a maioria das pessoas habita é fácil de explicar: “No fundo, todo ser humano sabe que nenhuma forma é duradoura, que todas as formas passam. Por isso o ego sempre conhece um sentimento de insegurança. Portanto, muitas pessoas vivem em um permanente estado de desconforto, desassossego, tédio, medo e insatisfação.” Para sobreviver, o ego precisa de uma grande quantidade
de atenção. Ele é viciado em poder, reconhecimento
e conflito e se ocupa de comparar a si mesmo com outros egos. Ele se vê
separado dos outros e do mundo. Pensa em termos de “melhor que”,
“menos que” e “maior que” e vive pela graça
do ataque e defesa. Tolle diz: “Os egos diferem apenas no exterior.
No fundo, são todos iguais. Vivem na identificação
e separação. Todo ego luta continuamente para sobreviver,
tentando se proteger e se expandir. Como quer que o ego se manifeste,
a força motriz oculta por trás dele é sempre a mesma:
a necessidade de se diferenciar, de ser especial, de ser o patrão;
a necessidade de poder, de atenção, de mais. E, é
claro, a necessidade de uma sensação de separação,
isto é, de oposição, de inimigos.” Quanto mais você determina sua identidade a partir
de seus pensamentos e crenças, mais se afasta de si mesmo, do outro
e do mundo à sua volta. Até (ou especialmente) as assim
chamadas pessoas religiosas estão estancadas nesse nível.
Elas igualam a “verdade” a seus pensamentos sobre a realidade.
E porque se identificam totalmente com seus pensamentos, afirmam, numa
tentativa inconsciente de protegerem suas identidades, que são
as únicas a conhecer a verdade.
Se mais pessoas reconhecerem seus egos e escolherem a consciência – que significa estar presente no aqui e agora sem ser varrido pelas imagens mentais e emoções do ego –, a transformação para um novo mundo poderá acontecer mais depressa. Tolle escreve: “Pessoas sem egos personificam a consciência desperta que muda todo aspecto da vida em nosso planeta, incluindo a natureza, porque a vida na terra é inseparável da consciência humana que percebe e interage com ela”. Tolle encerra com uma advertência àqueles
cujos egos estão ávidos por uma nova “verdade”:
“Você não pode fazer da libertação do
seu ego um objetivo a ser alcançado no futuro. Somente a Presença,
o ser Agora, pode libertá-lo do ego; nem ontem nem amanhã”.
Em outras palavras: O novo mundo já está aqui, agora, se
você o quiser. Faz sentido este livro para aqueles que procuram respostas para as inúmeras perguntas que ainda não querem calar... |